Manifestações de paz e contra a intolerância religiosa marcam a cerimônia de Amarração dos Ojás em Lauro de Freitas

Por: Giovanna Reyner
Terça, 22 de Novembro de 2022 às 10:10

Manifestações de paz e contra a intolerância religiosa marcam a cerimônia de Amarração dos Ojás em Lauro de Freitas

Foto: Wandaick Costa


Representantes de religiões de matriz africana se uniram em fé e ergueram sua voz para pedir o fim da intolerância religiosa, paz e respeito durante a cerimônia da Amarração dos Ojás. O ato, que finaliza as atividades do Novembro Negro, em Lauro de Freitas, foi realizado na noite desta segunda-feira (21), no Centro de Cultura Afro-Brasileira Mãe Mirinha de Portão, onde as árvores seculares que margeiam o rio Joanes foram sacramentadas com a simbologia.

O ritual iniciou com a realização do Padê com pedidos a Exu, senhor dos caminhos e divindade iorubá, responsável por guardar os conhecimentos e a sabedoria da cosmovisão de matriz africana. Em seguida, sacerdotes entoaram cantigas e toques no Xirê. “Esse é um momento em que o povo de santo celebra sua existência e esse ritual é para pedir igualdade, paz, equiparação e respeito. Para nós, as árvores são elementos sagrados”, explica  Claudia Santos, Mameto de Nkisi do Terreiro de Mansu Dandalunda, no Jambeiro,. 

O Superintendente de Promoção de Política de Igualdade Racial (SUPPIR), da Secretaria Municipal de Políticas Afirmativas, Direitos Humanos e Promoção da Igualdade Racial (SEPADHIR), Adilton Ferreira, explica que o momento marca o encerramento das atividades no Novembro Negro que, em Lauro de Freitas, movimentou os cenários com discussões relevantes da pauta racial e com a realização da 16º Caminhada “A Cor Da Cidade”. “Esta é uma forma simbólica de realizar uma manifestação buscando o respeito às diferentes religiões e mostrar a importância da contribuição dos terreiros na formação cultural da cidade”, falou.

Emocionada, a Mameto Kamurici do Terreiro São Jorge Filho da Gomeia, em Portão, Maria Lúcia de Santana Neves, neta sanguínea e filha espiritual de Mãe Mirinha de Portão, referência permanente na religiosidade da Bahia e do Brasil, não escondeu o sentimento de gratidão por fazer parte mais uma vez deste momento. “Temos esperança que sejam novos tempos para nosso país e esse ato reflete este nosso anseio. Esta noite, estamos pedindo união entre os seres. Mais uma vez estamos marcando nosso território vestidos de branco, não somente na roupa, mas na alma, para que possamos viver em paz na diversidade cada um com sua fé”, declarou.