Caminhada Tembwa Ngeemba pede paz pelas ruas de Portão

Por: Giovanna Reyner
Domingo, 28 de Agosto de 2022 às 18:06

Caminhada Tembwa Ngeemba pede paz pelas ruas de Portão

Foto: Wandaick Costa


Pedindo passagem para Exu, orixá dono dos caminhos, dos movimentos e mensageiro entre os mundos, a 4ª Caminhada Tembwa Ngeemba tomou conta das ruas do bairro de Portão, em Lauro de Freitas, na manhã deste domingo (28). Num só coro, os praticantes da fé de matriz africana, vestidos de branco e com seus apetrechos religiosos em mãos, se uniram contra o racismo, a intolerância religiosa e clamaram por mais respeito pelo meio ambiente. 

Promovida anualmente pelo Terreiro São Jorge Filho da Goméia com o apoio da Prefeitura Municipal de Lauro de Freitas, a caminhada foi retomada após dois anos de suspensão por conta da pandemia do coronavírus e trouxe para 2022 o tema 'Tempo de Paz'. "No mundo há espaço para todas as religiões, estamos aqui mais uma vez para pedir paz, o fim do racismo e por nosso território. Essa é a forma que o povo de santo tem de lutar por seus direitos, caminhando de branco, na paz", frisa mãe Lúcia, a mameto Kamurici. 

Embalados pela potente voz de Jander Neves, vocalista do Afro Bankoma, crianças e idosos traziam nas mãos as pautas de luta do movimento. Escritas em cartazes as frases pediam 'respeito pela natureza', 'respeito ao próximo' e 'respeito pela diversidade das religiões'. "A gente aprende desde pequeno que as pessoas podem ter suas preferências e ficar tudo certo. Não cabe aos outros julgamentos, mas sim respeito", conta a estudante, Juliana Oliveira, de 12 anos. 

Dona Aidê, mestra da cultura popular de Lauro de Freitas, era só alegria e demonstração de fé. Com uma disposição de invejar, ela percorreu o trajeto saindo da porta do terreiro em direção ao Terminal Turístico Mãe Mirinha de Portão. "Sou nascida e criada nessa terra. Nós temos que lutar pelo nosso território", disse. 

O cortejo seguiu, e em frente à Praça, antes conhecida como Coco do Pará os fiéis fizeram uma parada para comemorar a denominação do local em homenagem a Raimundo Kasutemi. "Raimundo, filho de mãe Mirinha, não foi somente um pai, amigo e irmão. Mas foi um agente cultural, foi um homem que lutou pela manutenção das raízes desta cidade, um militante da nossa comunidade", disse Jander, emocionado. 

O trajeto de fé e esperança foi finalizado no Terminal Turístico Mãe Mirinha de Portão. O lugar é simbólico para os religiosos pois leva o nome de uma das mais importantes figuras que representam o candomblé na Bahia e na cidade. As margens do rio Joanes, além das folhas pedidos de paz e respeito foram deixados.